“O veneno está na mesa dos brasileiros”, afirma coordenador do Fórum Nacional de Combate aos Agrotóxicos

09/10/2014 - O Ministério público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT) recebeu, na manhã desta quinta-feira (9), o procurador regional do Trabalho em Pernambuco, Pedro Luiz Gonçalves Serafim da Silva, para falar sobre a atuação do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, do qual é coordenador.

O objetivo do encontro foi apresentar os avanços obtidos pela entidade, criada em 2009 com o objetivo de promover o direito à informação acerca dos malefícios dos agrotóxicos, de estimular e ajudar na criação de fóruns ou grupos de trabalho nos estados, a fim de ampliar o debate; e de propor ações que visem à tutela da saúde do trabalhador e do consumidor, bem como do meio ambiente.

Além disso, explica Serafim, o fórum busca encontrar alternativas para os desafios enfrentados na luta de combate aos venenos agrícolas, que causam prejuízos não apenas à saúde dos trabalhadores e daqueles que vivem nas comunidades próximas às lavouras pulverizadas, mas de todos que consomem água e alimentos contaminados.

O procurador ressaltou que os problemas envolvendo agrotóxicos não se limitam ao setor rural. “O veneno está na mesa dos brasileiros”, disse. Em seguida, apresentou dados assustadores acerca do uso desses insumos no país, entre eles, que a taxa de crescimento do mercado brasileiro de agrotóxicos, entre 2000 e 2010, foi de 190% contra 93% do mercado mundial. Nesse mesmo período, enquanto a área plantada no Brasil aumentou 67%, o consumo de veneno cresceu 209%. “Produz-se, dessa maneira, um passivo ambiental e social com o qual teremos que lidar. E o Estado tem que se comprometer em criar uma política para minimizar os efeitos disso”, frisou.

O coordenador do Fórum Mato-grossense de Combate aos Agrotóxicos, Leomar Daroncho, falou sobre a complexidade da questão, afirmando que o combate efetivo envolve a utilização de diferentes estratégias, como a intensificação da fiscalização e apoio à pesquisa. Segundo ele, ainda há muita desinformação e o cenário é agravado pelo baixo nível de escolarização de trabalhadores do campo e das subnotificações.

"Quando os trabalhadores leem aqueles ícones que vêm nas embalagens, às vezes eles nem conseguem interpretar a mensagem que se pretendia traduzir, então é uma realidade muito preocupante. E como essas manifestações são crônicas, no que diz respeito ao meio ambiente de trabalho, ao trabalhador, em geral, quando um médico está preparado para fazer um diagnóstico compatível com a exposição ou a estrutura do sistema de saúde tem o aparelhamento para isso, o trabalhador só vai desenvolver uma doença anos depois, quando nem está mais vinculado ao empregador", explica o procurador.

 

Informações: Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT)

Contato: (65) 3613-9152 | www.prt23.mpt.mp.br | twitter: @MPT_MT | facebook: Ministério-Público-do-Trabalho-em-Mato-Grosso

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