Frialto é interditada em Matupá; um vazamento de amônia ocorrido nesta semana na unidade provocou a morte de um trabalhador

A Frialto, localizada no município Matupá, a cerca de 160 quilômetros de Alta Floresta, teve o setor de desossa interditado na tarde de ontem (28) por auditores fiscais do Trabalho. A produção foi parcialmente suspensa e apenas o abate deve continuar sendo realizado na unidade. Na última segunda-feira (26), pela manhã, um vazamento de amônia provocou a morte do trabalhador Joelson Evangelista Costa. Outras 36 pessoas foram hospitalizadas.

De acordo com os auditores Amarildo Borges e Pedro Luciano Alcântara, da Superintendência Regional de Trabalho e Emprego de Mato Grosso (SRTE-MT), os principais motivos da interdição são a ausência de detectores de amônia e respectivos alarmes, ausência de inspeções nas tubulações por onde passa a amônia, contratação de apenas um trabalhador para operar duas salas de máquinas. Embora não seja motivo da interdição, foi constatado que não há engenheiro ou médico do trabalho contratado à disposição do frigorífico. O relatório de fiscalização deve ser concluído em até 120 dias.

Os procuradores do Trabalho Marcel Bianchini e Italvar Filipe de Paiva Medina, da Procuradoria do Trabalho no município de Alta Floresta, tomaram conhecimento do acidente pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Laticínios do Portal da Amazônia (Sintracal) ainda na manhã do dia 26. Em seguida, deslocaram-se até Matupá para uma inspeção. Eles entraram em contato com a SRTE-MT, em Cuiabá, e requisitaram urgência na fiscalização, bem como a interdição imediata da planta. Os procuradores também contataram o Corpo de Bombeiros local para acompanhamento dos trabalhos.

Bianchini explica que o MPT atuará para obrigar a empresa, que emprega mais de 800 trabalhadores, a adotar todas as medidas necessárias para garantia de um meio ambiente de trabalho seguro, a fim de evitar novos acidentes. O procurador aguarda o envio do relatório de fiscalização da SRTE-MT e dos autos de vistoria do Corpo de Bombeiros para ajuizamento de uma ação civil pública contra a Frialto. O MPT solicitou, ainda, o encaminhamento dos depoimentos colhidos pelo sindicato e de documentos requisitados à empresa. 

O acidente ocorreu quando funcionários tentavam consertar um problema no sistema de refrigeração do setor de desossa. Ao mexerem no equipamento, houve vazamento de amônia líquida. “Com isso, todos os empregados saíram do local. Entretanto, dois ou três trabalhadores estavam dentro de uma sala de computadores que fica dentro da desossa, mas eles não conseguiam sair pela porta, pois a amônia líquida estava naquela saída. Com isso, saíram pela janela do ar condicionado. O supervisor deles, sem saber que conseguiram sair pela janela, tentou entrar na desossa para socorrê-los e acabou desmaiando e morrendo”, relata o procurador.

Enquanto a interdição não for suspensa, os empregados deverão receber os salários como se estivessem em efetivo exercício, nos termos do parágrafo 6º do artigo 161 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Informações: Assessoria de Comunicação do Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT)

Foto: Reprodução/Internet

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