Cerimônia marca entrega de R$ 700 mil em equipamentos e unidades de resgate ao Corpo de Bombeiros de Nova Mutum

30/04/2015 - “Agradeço o Ministério Público do Trabalho, a Justiça do Trabalho, a prefeitura e todo o Corpo de Bombeiros por ajudarem a melhorar a capacidade de resposta da nossa companhia, tornando-a referência no estado no quesito atendimento a ocorrências com produtos perigosos”. A afirmação é do capitão comandante Fernando Duarte Santana e resume bem o clima da cerimônia realizada na manhã de hoje (29), em Nova Mutum, para entrega de 713 mil reais em equipamentos e unidades de resgate à 5ª Companhia Independente de Bombeiro Militar da cidade.

A proposta de utilização do dinheiro para essa finalidade foi feita pelo MPT e deferida pelo juiz Lamartino França de Oliveira, titular da Vara do Trabalho local, em agosto do ano passado. Em 2012, um vazamento de amônia na planta da BRF (Sadia e Perdigão) da região levou quase 40 trabalhadores ao hospital de uma só vez. Na época, os bombeiros só dispunham de uma ambulância. “O jeito foi improvisar utilizando veículos da Polícia Militar”, lembrou Santana.


Ele conta que os modelos de viaturas adquiridos são novos e modernos e que a corporação passou a ser a única do estado a ter roupas de proteção química de nível A, B e C, que garantem ao profissional maior segurança para lidar com situações de risco.

“Se você não tiver os equipamentos adequados, além de não conseguir salvar, você se transforma em mais uma vítima. Lidamos com ocorrências de altíssima periculosidade e temos que estar preparados para isso. O nosso objetivo é prestar um serviço de maior qualidade para a população, ou seja, quanto mais equipamentos e viaturas, mais vidas conseguiremos salvar. Quem ganha com isso é a população”, resumiu.

O evento, que reuniu autoridades locais e a imprensa, terminou com a simulação de uma ocorrência pela equipe de militares. Para a juíza do Trabalho Michelle Trombini, o evento representou o desfecho de uma atuação conjunta que visou, em um primeiro momento, à correção de irregularidades trabalhistas.

“Hoje está sendo efetivada uma decisão judicial por meio da atuação do Ministério Público do Trabalho, que ingressou com uma ação civil pública contra um frigorífico. A gente conseguiu executar o dano moral coletivo e agora ele está sendo revertido para a sociedade, como realmente tem que ser”, salientou.

A magistrada declarou que a ocasião teve um significado especial e sensação de dever cumprido. “É motivo de muita alegria para a Justiça do Trabalho porque as nossas decisões judiciais muitas vezes são estampadas no papel e esquecidas dentro do processo, e aqui não. Aqui a gente fala em ação concreta. A nossa decisão sendo vivida e sentida pela sociedade de Nova Mutum”.

Ao fazer uso da palavra, o procurador do Trabalho Leomar Daroncho frisou que um bombeiro, apesar de ser visto como um super-herói, não pode ser exposto a uma situação arriscada desnecessariamente. “Ele tem que ter condições de enfrentar uma situação como um vazamento de amônia, então é um sonho poder equipar as unidades com o mínimo para que possam entrar de forma segura em situações de risco”.


Sobre a decisão de reverter a indenização por dano moral coletivo à companhia, Daroncho explicou que o frigorífico da cidade emprega 10% da população da cidade, com o porcentual chegando aos 25 ou 30% se for considerada a população economicamente ativa. Ou seja, boa parte da população trabalha em um local que permanentemente precisa observar medidas de precaução para evitar que ocorram novos acidentes.

“Quando acontece uma condenação, procuramos sempre canalizar a indenização para a comunidade lesada, de modo que os trabalhadores de alguma forma também sejam beneficiados com uma estrutura que pode eventualmente ser usada para socorrê-los”, observou.

Nova Mutum

O prefeito da cidade de Nova Mutum, Adriano Pivetta, também prestigiou a cerimônia e agradeceu o MPT e a Justiça do Trabalho por, segundo ele, não medirem esforços para efetivar o projeto. “As coisas só funcionam quando a gente acredita e corre atrás. Nesse caso, quem vai agradecer é a população de Nova Mutum e outras cidades vizinhas, pois são vidas e vidas que poderão ser alvas pelos equipamentos e pelas mãos dessas pessoas que aqui trabalham”, ressaltou.


O coronel Sandro dos Santos Caillava, diretor operacional da 5ª Companhia Independente de Bombeiro Militar, não poupou elogios. “Esse é um momento raro em nível de estado e de país. Entregar essa quantidade de equipamentos em uma única solenidade é coisa que não se vê facilmente em território nacional. Isso aqui se transformou em unidade de referência no estado”.


Atualmente, a Corpo de Bombeiros é responsável por outras três cidades, executando todos os tipos de resgate e atendimentos pré-hospitalares. “A partir de agora, estamos mais bem equipados, com uma das melhores frotas de Mato Grosso”, complementou.


Missão

O comandante Fernando Eduardo Santana, cujo discurso foi o mais emocionado, conta que a vida de um bombeiro em Nova Mutum é agitada. “A BR 163, que corta cidade, tem trafego intenso de produtos perigosos que sobem para essa região. Há muitos frigoríficos e empesas que manipulam agrotóxicos, amônia e cloro. O cloro, por exemplo, é um gás asfixiante e muito comum, utilizado nas estações de tratamento de água. Então, em uma situação específica envolvendo substâncias químicas e gases tóxicos, os equipamentos são fundamentais”.


As cerca de 160 ocorrências registradas por mês ainda contabilizam, de acordo com Santana, acidentes com vítimas presas em ferragens, motociclísticos e de trabalho, atendimento a gestantes em trabalho de parto, parada respiratória, dentre outros. “Essa viatura aqui está operando há quase três semanas e já foram mais de 100 chamados atendidos nesse tempo. “Agora podemos garantir uma melhor qualidade do serviço, menor tempo resposta e mais chance de vida para as pessoas”.

Ao falar sobre a profissão que escolheu para viver, ele não economizou nas palavras. “Somos bombeiros militares e quando acionados pelo 193 só temos um pensamento: vamos salvar. O ‘não consigo’ não existe para o bombeiro, não faz parte do nosso vocabulário. O nosso sentimento, como bombeiros, está descrito na nossa fachada: vida por vidas. Esse é o espírito, essa é a nossa missão aqui na Terra", concluiu.

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