Setembro Amarelo: suicídio é tema de palestra no MPT-MT
01.10.2024 | CUIABÁ – O Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT) realizou, na última quarta-feira (25), a palestra "Setembro Amarelo: conhecimento e ação na prevenção ao suicídio", conduzida pela psicóloga, professora, orientadora de Carreiras e Aposentadoria e mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Jôse Guedes.
O evento teve início às 9h e ocorreu presencialmente no auditório da Procuradoria Regional do Trabalho da 23ª Região (PRT23), Sede do MPT-MT, em Cuiabá, com transmissão via videoconferência. Estiveram presentes membros(as), servidores(as), funcionários(as), estagiários(as) da instituição e comunidade.
Abertura
No início da palestra, Guedes propôs uma dinâmica e pediu que cada participante, munido(a) de papel e caneta, fizesse um desenho de acordo com as instruções passadas por ela. Na sequência, solicitou que as pessoas procurassem, entre as ilustrações elaboradas, aquelas que fossem semelhantes entre si. Diante da dificuldade que os(as) presentes tiveram em encontrar um desenho parecido, a psicóloga explicou que a atividade sugerida visava a justamente demonstrar que, cada um, a seu modo, interpreta o mundo de forma diferente, resultando em desenhos únicos.
Em sua apresentação, Guedes informou que a campanha Setembro Amarelo tem como inspiração a história de Mike Emme, jovem de 17 anos que cometeu suicídio em setembro de 1994, nos Estados Unidos. Emme gostava de restaurar carros antigos e tinha um Ford Mustang 1968, que foi pintado por ele de amarelo. No dia do velório, cartões decorados com fitas amarelas foram colocados em uma cesta e tinham a mensagem “Se precisar, peça ajuda”.
A iniciativa deu origem a um movimento importante de prevenção ao suicídio, o qual recebeu, ao longo dos anos, adesão de diferentes e importantes entidades e instituições, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), que, em 2003, instituiu a data 10 de setembro como o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio; e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), que, por meio de parceria em 2013, introduziram a campanha no calendário nacional.
Prevenção e autoconhecimento
A especialista apresentou, ainda, os fatores de risco ligados ao suicídio, como a depressão e outros transtornos mentais, o abuso de substâncias lícitas e ilícitas, histórico familiar, experiências adversas na infância, desemprego, dificuldades financeiras, assédio moral/sexual, problemas no relacionamento, perda de uma pessoa próxima, entre outros.
Ela chamou atenção para os sinais de alerta, manifestados por meio de ameaça verbal, automutilação, tristeza constante ou medo excessivo, alterações repentinas no comportamento e/ou afastamento da família e dos amigos, e de sofrimento mental, associado a mudanças bruscas de comportamento e falta de interesse em atividades consideradas anteriormente como prazerosas. Guedes enfatizou que é preciso estar atento e ter sempre um olhar de empatia para acolher as dores do(a) outro(a).
Autocuidado
Guedes explicou que a pessoa que investe em si mesma tem grandes ganhos, como aumento da capacidade de compreender as próprias emoções, de minimizar o estresse e de perceber que a saúde mental é tão importante quanto a saúde física e financeira. Ela reiterou que o autocuidado melhora a autoestima e aumenta a confiança do indivíduo.
Ao final de sua apresentação, a psicóloga reforçou que “um ambiente de trabalho que promove a saúde mental não apenas protege os colaboradores, mas também fortalece a cultura organizacional”. Indicou, ainda, algumas fontes de apoio: os Centros de Atenção Psicossocial (Caps); as Unidades Básicas de Saúde (UBS); as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs); os Serviços de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) – 192 –; os hospitais; as clínicas-escolas do Centro Universitário de Várzea Grande (Univag) – 65 9 8159-8052 – e da Faculdade de Sinop (Fasipe) – 65 9344-7582 –; e o Centro de Valorização da Vida – 188.
Depoimentos
Em seguida, houve espaço para esclarecimentos e intervenções dos(as) presentes. A servidora Keila Rodrigues do Prado contou a sua experiência com a depressão e reforçou a importância do acolhimento, respeito e entendimento de colegas, superiores e do próprio indivíduo acometido para que siga adequadamente, e sem interrupções, os cinco protocolos indicados contra a doença: acompanhamento psiquiátrico e o uso de medicamentos; acompanhamento psicoterapêutico; práticas de socialização e de suporte social; realização de atividades físicas; e o exercício da espiritualidade ou religião. Prado acrescentou, ainda, que a equipe de especialistas da Procuradoria-Geral do Trabalho (PGT) tem fornecido assistência e apoio médico.
Já a servidora Marilene Guimarães de Jesus de Souza relatou que, certa vez, sua filha precisou se ausentar do serviço, devido ao seu quadro depressivo. Embora tenha apresentado atestado, sua condição de saúde foi questionada, o que a levou a procurar Procuradoria Regional do Trabalho da 9ª Região (PRT9), onde registrou denúncia e recebeu suporte para assegurar os seus direitos.
O estagiário Caio Leandro Sokoloski, por sua vez, compartilhou as dificuldades que passou ao longo de sua carreira envolvendo saúde mental, assédio moral e a falta de rede de apoio e de canal de denúncias em trabalhos anteriores.
Encerramento
Ao final do evento, o procurador-chefe do MPT-MT, Danilo Nunes Vasconcelos, agradeceu a palestrante e a participação daqueles(as) que compartilharam suas experiências. Vasconcelos falou ainda da importância de abordar o assunto e reafirmou a intenção de promover outras palestras envolvendo o tema da saúde mental.
“O suicídio, infelizmente, é algo que está presente em nossa sociedade, até próximo da gente. Cabe a nós aprendermos, entendermos e conscientizarmos as pessoas para que a mensagem chegue a mais indivíduos. É um tema que não podemos deixar de falar, de oferecer ajuda a quem precisa. Ao MPT, cabe fiscalizar e promover ambientes de trabalho seguros, em que a pessoa possa ser ouvida, acolhida e respeitada, tanto em prol da recuperação de seu bem-estar emocional quanto da sua segurança trabalhista. Por isso, a importância da prevenção e da conscientização”, afirmou.
O encerramento ocorreu com um coffee break fornecido pelo Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério Público da União (SindMPU).
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