Ao coro de “Criança não trabalha, criança dá trabalho”, Arena Pantanal recebe evento de combate ao trabalho infantil

13/06/2016 - Ao coro de “Criança não trabalha, criança dá trabalho”, teve início, na última sexta-feira (10), um megaevento realizado na Arena Pantanal para marcar a luta da sociedade mato-grossense contra o trabalho infantil. Cerca de duas mil crianças e adolescentes foram presenteados com uma manhã de brincadeiras e aprendizado promovida pelo Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação ao Trabalho Infantil (Fepeti-MT).

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Ainda na entrada do estádio, os organizadores distribuíram lanches e, em filas, os pequenos convidados foram sendo conduzidos até a arquibancada. No caminho, uma pausa para tirar fotos com super-heróis, palhaços, princesas e outros personagens do universo infantil que simbolizam o lúdico e lembram da importância do brincar para o desenvolvimento de adultos plenos.

Em meio a olhares extasiados, crianças e jovens seguiram alguns metros até serem posicionados em frente ao palco. No gramado, a banda da Polícia Militar deu início à festança e abriu caminho para uma série de apresentações culturais. Por meio do teatro, da dança e do canto, crianças e adolescentes deram um show de discernimento e mostraram que a arte está aliada à luta pela garantia do direito à infância.

Uma dessas apresentações, em especial, foi realizada por integrantes do Projeto MPT na Escola. Com o rap “Trabalho infantil não”, composição do professor Luiz Carlos, os alunos da EMEB Guilhermina de Figueiredo repetiam “Tá ligado, tá ligado, tamo junto e misturado, quero soltar pipa e jogar bola, é o Projeto MPT na Escola”. Com o apoio da plateia, mandaram o recado: “O direito da criança tem que ser respeitado. Eu quero soltar pipa e jogar bola, no Brasil milhões de crianças estão fora da escola”.

Em seguida, os protagonistas da festa tomaram conta do campo e coloriram de outras cores o verde da Arena Pantanal. Lá, tiraram mais fotos, comeram pipoca, tomaram geladinho, brincaram no pula-pula e no tobogã, jogaram capoeira e futebol, soltaram pipa, ganharam brindes e extravasaram a alegria que é tão típica dessa idade. No final, felizes e cansados, recolheram o lixo jogado no gramado e, de mãos dadas, seguiram organizadamente para seus ônibus.

Gabrielly Silva de Almeida, de 11 anos, da EMEB São Benedito, contou que viveu uma manhã muito especial. “Eu vim aqui um dia só. Tinha assistido a um jogo, mas nunca tinha pisado na grama”. Para Eduardo Luiz dos Santos, de 8 anos, da Escola Municipal de Educação Básica Nossa Senhora Aparecida, a maior diversão foi brincar no pula-pula e assistir à apresentação de Frozen – Uma aventura congelante, sucesso de bilheteria da Disney no ano de 2013. “Foi muito legal”, limitou-se a dizer. Já Eduarda Cristine da Silva Leite, 12 anos, apontou um aspecto interessante. “Gostei também que todos se comportaram muito bem”, disse a menina.

A professora Adelaide Apel, da EMEB Floriano Bocheneki, que também participa do Projeto MPT na Escola, relatou que as 29 crianças que acompanhou interagiram muito bem e saíram de lá ainda mais conscientes. “Eles já sabem e chegam para a gente e falam: Ó, professora, criança não trabalha, criança dá trabalho, né?”.

Para Dalva do Carmo Ferreira, conselheira do Fepeti-MT e professora integrante da equipe da Coordenadoria de Gestão e Legislação da Secretaria Municipal de Educação de Cuiabá, “o evento foi muito significativo em função dos benefícios às crianças que se fizeram presentes. Elas tiveram opções de brincadeiras e a partir do momento que elas entraram na Arena Pantanal foi como uma realização de um sonho. Foi uma oportunidade ímpar para eles e uma satisfação para nós ver os olhinhos deles brilharem. Foi uma manhã de vivências que eles vão levar para a experiência de vida e vão lembrar com muita alegria”.

A procuradora do Trabalho do MPT em Mato Grosso e coordenadora regional da Coordenadoria de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (Coordinfância) do MPT, Amanda Fernandes Ferreira Broecker, falou sobre a motivação para realização do evento. "O Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil é uma data que gera profunda reflexão sobre o futuro que a sociedade anseia para as crianças e os adolescentes. Neste ano, o slogan da campanha do FNPETI é 'Não ao Trabalho Infantil nas Cadeias Produtivas. Apoie essa ideia'. O tema é relevante, uma vez que a exploração de crianças e adolescentes pode ocorrer ao longo de todo o processo produtivo, desde a fabricação até a comercialização de determinado produto final, o que gera a responsabilidade de todos os empregadores diretos e indiretos pela exploração do trabalho infantil. A responsabilidade social empresarial obriga a empresa a monitorar a cadeia produtiva, de modo a efetivamente fiscalizar todas as etapas do processo produtivo."

Segundo os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada em 2014 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 70 mil crianças e adolescentes, entre 5 e 17 anos, estão em situação de trabalho em Mato Grosso.

Premiação

Durante o evento, crianças e adolescentes de escolas públicas municipais foram premiadas com tablets em um concurso de redação sobre trabalho infantil proposto na última semana aos alunos e professores.

Confira a relação dos vencedores:

Alunos do 3º ano 5º ano

1º lugar

EMEB Marechal Cândido Rondon

“O rap contra o trabalho infantil”

Aluno: Marcos Antônio Magno Rufino, do 5ºano A

2º lugar

EMEB Raimundo Pombo da Cruz

“Trabalho infantil é coisa séria”

Aluna: Maria Manoela de Moraes Cunha, 5º ano C

3º lugar

EMEB Francisval de Brito